Depois de meses a tentar evitar eleições em Lisboa, num verdadeiro jogo do empurra, a maioria dos partidos – e fundamentalmente o PSD e o PS – voltam finalmente a estar de acordo sobre o essencial no plano da táctica eleitoral: agora, quanto mais depressa formos a votos, melhor.
Melhor para quem?
Para os partidos, pois claro. E sobretudo para o PSD e o PS, que são sem dúvida os principais responsáveis pela crise instalada em Lisboa.
Pressa para irem de férias, ou será que temem o resultado de uma candidatura independente com tempo para se organizar?
Será esta uma manobra de secretaria para tentar evitar a recolha, dentro do prazo estabelecido pela lei, das 4,000 assinaturas necessárias para a candidatura de Helena Roseta?
Porque estará o Bloco de Esquerda tão alinhado com o PSD e o PS nesta matéria?
Esta súbita pressa de ir a votos tem pouco de democrático.
O próprio facto de a decisão sobre a marcação das eleições ser tomada pela governadora civil – cargo que é uma excrescência da democracia portuguesa – diz bastante sobre o “regular” funcionamento da democracia em Portugal. Uma democracia dos partidos e só para os partidos.