segunda-feira, 28 de maio de 2007

O Controleiro




Há dois anos, no último debate de campanha, quando me pediram uma declaração final, disse apenas: “Depois de entrar na Câmara, nada ficará como antes. Os lisboetas vão saber o que lá se passa.

Era este o meu primeiro compromisso. Se não era ainda possível devolver a cidade aos cidadãos, entregue que está aos interesses e à corrupção, que ao menos soubessem a verdade”.

Esta citação é retirada da página de abertura do site de campanha de José Sá Fernandes (http://www.lisboaegente.net/).

Assim fica claro que a grande ambição de Sá Fernandes é a de continuar a ser o controleiro da Câmara.
Embirro com os pregadores de moral em política. Não suporto o tele-evangelismo de Louçã. E fico especialmente incomodado quando um candidato declara abertamente que quer ir para o executivo da Câmara para "controlar os outros".
Mais de trezentos anos de Inquisição e 48 de ditadura fascista deixaram um legado que premeia os esbirros, tanto à direita como à esquerda (é infelizmente um fenómeno transversal na sociedade portuguesa, como se comprova no tristíssimo caso do processo movido ao Professor Fernando Charrua, por causa de uma piada que disse, em privado, sobre o currículo académico do Primeiro-Ministro).
Mas não com o meu voto.
Eu prefiro quem esteja disponível para liderar mobilizando os outros, como propõe Helena Roseta.
Lisboa vive uma situação de emergência e precisa de todas as ajudas válidas.
Lisboa dispensa auto-proclamados donos da moral arvorados em controleiros.