quinta-feira, 31 de maio de 2007

Sondagem do Diário Económico – A questão da mobilidade

A sondagem hoje publicada no Diário Económico (http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/politica/pt/desarrollo/1000448.html) confirma que António Costa está longe – muito longe – da maioria absoluta e que, em matéria de capacidade de gestão para a CML, Helena Roseta é considerada como a melhor alternativa.

Carmona está em perda e a margem de progressão de Negrão é mínima. O PSD dificilmente escapará a um justo castigo.

O Zé, ao que tudo indica, já não faz falta.

O Ruben, e sobretudo o Telmo, estão em maus lençóis.


Ainda segundo esta sondagem, a ordem de prioridade dos problemas da cidade é, aos olhos dos lisboetas, a seguinte:
1. Trânsito (inclui acessibilidades)
2. Sujidade/poluição
3. Urbanismo
4. Segurança
5. Estacionamento
6. Transportes públicos
7. Corrupção
8. Espaços verdes (inexistência)
9. Pobreza, arrumadores e mendigagem
10. Desequilíbrio financeiro


É curioso notar que a prioridade decretada pelos comentadores – contas públicas – só aparece em 10º lugar.

Da conjugação de prioridades como trânsito, poluição, estacionamento e transportes públicos, resulta que a questão da mobilidade é a que mais preocupa os lisboetas.

Neste aspecto os lisboetas não são diferentes dos habitantes de outras grandes capitais, onde, dadas as exigências e o ritmo da vida diária, a qualidade e a velocidade da mobilidade se assumem como um factor crucial para uma vida melhor.

Veja-se o caso de Londres, em que a política de Ken Livingstone neste domínio foi decisiva para a sua eleição. Medidas que à primeira vista seriam tidas como impopulares – por exemplo o estabelecimento de portagens à entrada da cidade – mereceram um amplo apoio da população.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A aventura das presidenciais pode repetir-se

Lisboa, 29 Mai (Lusa) - O deputado socialista Manuel Alegre afirmou hoje que a sua candidatura independente a Belém "abriu um caminho" para a renovação da vida política e que o que se passou nas presidenciais de 2006 pode repetir-se.
Manuel Alegre falava no Hotel Altis, em Lisboa, no lançamento do livro "Conseguir o Impossível", editado pela Dom Quixote, sobre a sua candidatura a Presidente da República, organizado por Helena Roseta, Manuela Júdice e Nuno David.
Instado a comparar a sua candidatura independente e a de Helena Roseta à Câmara Municipal de Lisboa, à frente do movimento "Cidadãos por Lisboa", Manuel Alegre recusou.
"Agora, acho que o que aconteceu na minha campanha pode acontecer noutras situações", acrescentou, em seguida.
Referindo-se às presidenciais do ano passado como uma "experiência inovadora" que "pôs em causa os esquemas mentais com que habitualmente são interpretados os fenómenos políticos", Alegre considerou que "abriu um caminho".
"Mostrou que há um espaço para novas formas de intervenção e de participação, essenciais à renovação da vida política" e que "pode fazer-se uma grande campanha e obter um grande resultado com pouco dinheiro", sustentou.
"Devia servir de exemplo, sobretudo em período de austeridade e quando se exigem sacrifícios ao País", defendeu.
O deputado socialista e vice-presidente da Assembleia da República recordou a sua candidatura a Belém como "uma aventura maravilhosa", que "não foi contra os partidos".
"Mas é verdade que há um espaço que os partidos secam, são necessários novos espaços" e "os partidos têm que aprender que o mundo está a mudar" e "modernizar-se", disse, no entanto.
"Estão muito desactualizados, em muitos aspectos são um arcaísmo em relação à rapidez com que se está a modernizar a nossa vida. Não basta falar em abstracto de modernização, é preciso dar sinais concretos de modernidade", sublinhou.
Nas presidenciais de 2006, "os partidos perderam" para o candidato vencedor, Cavaco Silva que "embora apoiado por dois partidos distanciou-se bastante deles" e para a sua candidatura independente, sustentou Alegre.
Interrogado repetidamente sobre que candidatura à Câmara de Lisboa apoia, Manuel Alegre declarou que teve "a experiência da polícia política, que era especialista em repetir as mesmas perguntas".
"Provei que só respondia àquilo que queria, quando queria e como queria, ou não respondia de todo. A essa pergunta eu hoje não respondo", concluiu.
IEL.
Fonte: Agência LUSA

terça-feira, 29 de maio de 2007

A vítima

Carmona Rodrigues assume o papel de vítima em entrevista hoje publicada no DN (versão integral apenas disponível em papel).

Aqui ficam duas mensagens de Carmona sobre os pontos mais críticos da sua governação:
· O responsável pelo descalabro financeiro da CML é João Soares (que foi presidente nos anos 90);
· Foi o PSD que fez pressão para nomear assessores na CML.

De visita às obras do metro



Parabéns a Ruben Carvalho, que visitou o Cais das Colunas soterrado pelas obras do metro no Terreiro do Paço.

O candidato comunista considerou um “escândalo” o atraso nas obras e afirmou que, nos últimos seis anos, “houve um alheamento da Câmara Municipal de Lisboa em relação às obras do metro”.

O reconhecimento deste alheamento é também, em certa medida, uma autocrítica, visto que é a primeira vez que Ruben Carvalho se insurge publicamente contra o soterramento do Cais das Colunas.

Espreite o site da CDU 2007:
http://www.dorl.pcp.pt/cdulisboa/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

Helena Roseta no Youtube

O que não dá nas televisões passa na net. Cidadãos por Lisboa a partir de hoje no Youtube. Helena Roseta aceita sugestões e responde a críticas em http://www.youtube.com/profile?user=cidadaosporlisboa

Fonte: Cidadãos por Lisboa http://cidadaosporlisboa.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Retrato de Lisboa

Lisboa, 28 Mai (Lusa) - Apesar da perda de população nos últimos anos, Lisboa continuava a ser o concelho mais populoso do país em 2005, com 519.795 habitantes, uma densidade de 6.134 habitantes por quilómetro quadrado, segundo dados da Marktest.

Fonte da empresa, que fez uma caracterização do concelho em vésperas de eleições intercalares para a Câmara da capital, disse hoje à agência Lusa que o segundo município em termos de população é Sintra, com cerca de 419.000 habitantes, seguindo-se Vila Nova de Gaia, com 304.000, e só depois o Porto, com 233.000.

Lisboa ocupa uma área de 83,85 quilómetros quadrados, o que representa 0,1 por cento do território nacional.

Em 2001, havia 564.657 habitantes em Lisboa (5,5 por cento do total nacional), número que baixou para 519.795 em 2005, passando a representar 4,9 por cento do total.

"A população tem decrescido desde 1980: menos 287.000 habitantes nos últimos 25 anos, uma quebra de 35,6 por cento", mas mesmo assim está 15 vezes acima do valor médio do país.

Os censos de 2001 registavam 234.451 famílias, ou seja, 6,4 por cento do total.

Além dos censos, a Marktest usou para este trabalho dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), do Banco de Portugal e de outras fontes.

Na estrutura demográfica, as mulheres representam mais de metade da população (54 por cento) e os homens 46 por cento.

A Marktest nota que as mulheres estão aqui sobre-representadas face à média nacional: 52 por cento mulheres e 48 por cento homens.

A cidade apresenta uma estrutura etária envelhecida, com 24 por cento de idosos (65 anos ou mais), quando a média nacional é de 17 por cento.

Treze por cento da população tem menos de 15 anos, nove por cento está entre os 15 e os 24 anos e 53 por cento na faixa dos 25 aos 64 anos de idade.

Na estrutura social, predomina a classe alta e média alta, que representa 38,7 por cento da população, superior à média do continente, de 17,6 por cento.

Em Lisboa, a classe média significa 25,7 por cento da população, a média baixa 17 por cento e a baixa 18,6 por cento.

O retrato do parque habitacional apresenta 53.779 edifícios de habitação familiar clássica (1,6 pc do total nacional) e 295.521 alojamentos familiares clássicos (5,4 pc do total).

Em 2004, foram transaccionados 15.984 prédios (5,8 por cento do total), num valor superior a três mil milhões de euros, uma média de 200.000 euros por prédio, "mais do dobro do valor médio nacional", lê-se no relatório.

AH.
Fonte: Agência LUSA

Em busca de uma estreia



António Costa, depois de uma já longa carreira política em que foi nomeado para altos cargos de governo (consulte a sua nota biográfica em http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Composicao/Perfil/AntonioLuisSantosdaCosta.htm), parte para estas eleições em busca de uma estreia: ganhar uma eleição em que é cabeça de lista.

A vontade é muita. O resultado será decisivo para o futuro da sua carreira política.

António Costa é rigoroso, não improvisa.

Esse rigor ficou imediatamente patente na decisão da governadora civil de Lisboa sobre a data das eleições.

Mas elas aí estão: 5546 assinaturas e uma candidatura independente que podem baralhar o rigor do cálculo.

Desalinhado


João Soares pronunciou-se ontem, no seu blogue “Do Mirante” (http://joaobarbeita.blogspot.com/), contra a “teimosia arrogante” do governo no caso da Ota.

O alinhamento de João Soares não foi premiado por Sócrates.


Terminou a lua-de-mel?

49 Assessores

Leia o artigo do Correio da Manhã sobre os 49 assessores de Carmona Rodrigues na CML:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=244168&idselect=90&idCanal=90&p=200

É especialmente interessante a informação sobre o contrato e as atribuições de Vicky Fernandes:

"Figura bem conhecida do jet set nacional, Vitória Maria Fernandes, conhecida como Vicky Fernandes, é uma das assessoras do executivo camarário de Lisboa.
Contratada para relações públicas da autarquia de Lisboa e responsável pela organização de festas, Vicky aufere um rendimento mensal de 3025 euros, de acordo com o seu contrato iniciado em Janeiro deste ano.
O vínculo à autarquia, segundo constatou o ‘CM’, termina a 31 de Dezembro deste ano. Ao todo, Vicky Fernandes auferirá 36 mil euros ilíquidos pelo contrato.
A responsável de relações públicas tem a seu cargo missões como as marchas populares e as noivas de Santo António (padroeiro da cidade), duas iniciativas que são o cartão de visita da autarquia nesta época do ano".

O Controleiro




Há dois anos, no último debate de campanha, quando me pediram uma declaração final, disse apenas: “Depois de entrar na Câmara, nada ficará como antes. Os lisboetas vão saber o que lá se passa.

Era este o meu primeiro compromisso. Se não era ainda possível devolver a cidade aos cidadãos, entregue que está aos interesses e à corrupção, que ao menos soubessem a verdade”.

Esta citação é retirada da página de abertura do site de campanha de José Sá Fernandes (http://www.lisboaegente.net/).

Assim fica claro que a grande ambição de Sá Fernandes é a de continuar a ser o controleiro da Câmara.
Embirro com os pregadores de moral em política. Não suporto o tele-evangelismo de Louçã. E fico especialmente incomodado quando um candidato declara abertamente que quer ir para o executivo da Câmara para "controlar os outros".
Mais de trezentos anos de Inquisição e 48 de ditadura fascista deixaram um legado que premeia os esbirros, tanto à direita como à esquerda (é infelizmente um fenómeno transversal na sociedade portuguesa, como se comprova no tristíssimo caso do processo movido ao Professor Fernando Charrua, por causa de uma piada que disse, em privado, sobre o currículo académico do Primeiro-Ministro).
Mas não com o meu voto.
Eu prefiro quem esteja disponível para liderar mobilizando os outros, como propõe Helena Roseta.
Lisboa vive uma situação de emergência e precisa de todas as ajudas válidas.
Lisboa dispensa auto-proclamados donos da moral arvorados em controleiros.

A escolha de Marcelo


Do alto do seu púlpito televisivo na RTP, o Professor Marcelo decretou ontem que Costa ganharia a presidência da CML com uma ampla maioria, porque os lisboetas querem “governabilidade”.

Esta afirmação tem tanto de amor a Costa como de desamor a Marques Mendes (com amigos destes no partido, pobre do candidato do PSD).

Do ponto de vista do rigor da análise política, importa notar que o Professor se esqueceu de mencionar que a Câmara era governada com uma maioria estável (PSD/CDS) e que isso não impediu – antes pelo contrário – a crise em que nos encontramos.

Das últimas presidenciais ao referendo sobre o aborto (em que fez abertamente campanha pelo Não), o Professor enganou-se estrondosamente sobre as escolhas políticas dos portugueses.

Apesar da memorável caricatura do Gato Fedorento ( www.youtube.com/?v=myf5ces77PU ), o Professor sobrevive, sempre acompanhado da jornalista-faz-de-conta Maria Flor Pedroso.

Mas o Professor transformou-se na sua própria caricatura.

É um sinal de progresso cívico, a constatação de que o Professor pensa pela cabeça de cada vez menos portugueses, sobretudo entre os jovens.

Entrevista


Leia a entrevista de Helena Roseta na edição do Público de hoje: http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fdt%3D20070528%26page%3D4%26c%3DA

domingo, 27 de maio de 2007

Diga Lá Excelência



Oiça a entrevista de Helena Roseta à Rádio Renascença, Público e RTP2: http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=11&SubAreaId=110&ContentId=208460.

Apesar dos estereótipos dos jornalistas (Paulo Magalhães, da RR, e Leonete Botelho, do Público), focados apenas na intriga política e denotando falta de interesse sobre os problemas de Lisboa, Helena Roseta demonstrou a sua determinação e preparação para enfrentar a situação de emergência municipal em que nos encontramos.

A cidade de Lisboa necessita de um “Governo de Salvação Municipal”.

Helena Roseta desafia “todas as forças políticas a participar” nesta solução. “Seria muito bom que, por uma vez, todos dessem um sinal de que, numa situação de crise, são capazes de trabalhar em conjunto”.

A arquitecta dá um exemplo de como a situação se tem agravado nos últimos anos: “A cidade de Lisboa perdeu um terço dos habitantes nos últimos 20 anos”.

A capital não está em condições de fazer grandes obras ou grandes projectos e, por isso, Roseta defende uma “acumpunctura urbana”, com “uma revisão de prioridades e pequenos investimentos”.

António Costa pede “uma maioria clara”, mas Roseta responde que “uma liderança forte” nada tem a ver com isso, recordando para o efeito que houve uma maioria de dois partidos (PSD e CDS) que não resultou.

“Uma liderança forte tem a ver com a capacidade, não apenas, de ter uma visão para aquilo que se quer fazer, mas de mobilizar toda a gente. E um candidato que se apresenta a dizer que quer fazer sozinho sem os outros, na minha opinião, já está a perder alguma liderança”, refere.

Quanto a Carmona Rodrigues, Helena Roseta concorda que ele vá a votos porque é bom que os lisboetas avaliem as suas propostas, mas também “julguem o seu trabalho” nos dois anos na autarquia.

A candidata independente deixa claro nesta conversa que esta corrida não é só para dois anos, mas sim já a médio prazo a pensar também nos quatro anos seguintes.

sábado, 26 de maio de 2007

Disco riscado

António Costa apareceu hoje em Almada (onde começa o deserto da margem sul) a repetir a lenga-lenga do costume:

“Lisboa precisa de uma maioria clara, os lisboetas têm de optar pela maioria ou pelos jogos partidários”.

Nem uma palavra sobre soluções para os problemas de Lisboa.

Jogos partidários”? Então não é essa a área profissional em António Costa se especializou ao longo da sua vida? Será que renega o seu passado? Ou será que daqui para a frente já só aceita governar com maioria absoluta?

Talvez se tenha acostumado a dar ordens aos polícias (e a estes, como se sabe, não resta senão obedecer).

Que mania esta da maioria absoluta!

Maioria absoluta acaba sempre por rimar com poder absoluto, e poder absoluto rima com muita coisa escura.

Ora Lisboa carece de transparência.

Rigor sim, mas com transparência e limpidez, como essa luz tão clara e única que banha esta cidade.

E solidariedade, espírito de equipa, ao serviço do interesse público e do bem comum de Lisboa - ou seja muito mais do que mera táctica partidária e projectos de poder pessoal.

Lisboa vive uma situação de emergência, e precisa de todos (excepção feita talvez a Carmona Rodrigues, cujo único contributo seria – se fosse capaz – o de explicar aos novos vereadores como é possível levar a CML ao abismo num tão curto espaço de tempo, ainda para mais quando dispunha de uma maioria estável).

Costa tem de mudar o discurso. Está muito longe de ter ganho as eleições. Pode inclusivamente vir a perdê-las (Carrilho conseguiu esse feito, quando tanto ele como o PS estavam em muito melhores condições). Um pouco mais de humildade e algumas ideias sobre Lisboa – que se distanciassem das opções do governo – poderiam ajudar, mas isso, hélas!, não vai acontecer.

Lembram-se quando Almeida Santos pedia insistentemente, em nome do PS, os 43% da maioria absoluta?

Vacas sagradas


Em entrevista ao Expresso, o candidato do PSD, Fernando Negrão, disse, a propósito de António Costa:


(...) "não vejo nele o supra-sumo, e não há aqui vacas sagradas".


De facto, não há vacas sagradas em Lisboa , tal como também não há tacto por parte do candidato do PSD.

Eurosondagem

Num país normal, Rui Oliveira Costa e a sua Eurosondagem teriam sido despedidos pelos seus empregadores após as últimas presidenciais.

Para quem não se lembra, Rui Oliveira e Costa conseguiu o milagre de colocar Mário Soares sempre à frente de Manuel Alegre, da primeira à última sondagem.

Perante este dado objectivo – o falhanço flagrante das previsões da Eurosondagem nas últimas presidenciais – é lícito perguntar se foi pura incompetência ou manipulação.

Rui Oliveira e Costa e o seu negócio sobreviveram impunes.

Mas há quem não se esqueça.

A sondagem publicada hoje (Expresso, SIC e Renascença) não surpreende quem esteve atento às Eurosondagens das presidenciais. Deve, porém, ser tomada como um indicador, e nessa medida não deixa de ser lisonjeira para Helena Roseta.

No próximo dia 15 de Julho ficará mais uma vez provado que não há Eurosondagem que possa travar o poder dos cidadãos.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O especialista

Naquele tom melífluo a que nos habituou, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, considerou hoje que a polémica sobre as declarações de Mário Lino era "artificial", e que quem devia pedir desculpas eram os responsáveis do PSD e do CDS-PP.

O ministro da Presidência tem uma autoridade especial para fazer uma afirmação destas: é que, em matéria de "artificialidade", Pedro Silva Pereira é especialista.

A Ota, o deserto, os passarinhos e a ameaça terrorista

O Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, disse ontem, num almoço-debate com economistas, em Lisboa, que as alternativas à Ota na margem sul do Tejo são sítios "sem gente, sem turismo, sem comércio", um "deserto para onde seria necessário deslocar milhões de pessoas", apoiando-se num estudo de Manuel Porto, antigo eurodeputado do PSD.

Mostrou-se também muito preocupado com o impacto de um novo aeroporto nas aves migratórias da margem sul.

Almeida Santos, por sua vez, invocou a vulnerabilidade de um aeroporto na margem sul perante a ameaça terrorista:

Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país", declarou Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS.

Por aqui se vê como, no seio do governo e do PS, a opção da Ota está política e tecnicamente bem fundamentada.

E António Costa, será que também partilha desta mesma visão “estratégica”?

O compromisso

Leia o compromisso de Helena Roseta:

http://www.cidadaosporlisboa.org/documentos/o_nosso_compromisso.doc

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Apresentação da lista dos Cidadãos Por Lisboa

Helena Roseta apresentou ontem, no hotel Altis, a sua lista independente às eleições intercalares para a Câmara de Lisboa de 15 de Julho, que tem como número dois Manuel João Ramos, dirigente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados.

Além de defender “a democracia participativa como modelo sistemático”, a ex-militante do PS prometeu um “Programa de Emergência” para a capital, que implique restaurar o “direito ao passeio” e “esverdear” a cidade, e propôs que o pelouro do urbanismo seja partilhado por todas as forças políticas.
“Sobre a localização de um aeroporto ou de uma grande infra-estrutura pública a cidade deve ser formalmente ouvida. Quando digo a cidade não é só o presidente da câmara, é a cidade”, declarou.

“É preciso que sejam divulgados todos os estudos que o Governo diz possuir, colocá-los à discussão, encontrar uma forma de participação e de audição dos lisboetas e transmitir essa opinião ao governo central”, acrescentou, sem adiantar qual poderá ser essa forma.

Questionada acerca da sua posição sobre o aeroporto da Ota, a candidata do movimento Cidadãos por Lisboa respondeu: “Não estou aqui a defender posições pessoais, estou a defender um método e uma posição institucional. Eu tenho uma posição sobre a Ota, mas não vou dizer qual é.”

No seu discurso, que teve tradução simultânea para linguagem gestual, Roseta comprometeu-se a não aprovar “nenhum grande projecto” municipal “sem dar voz aos lisboetas”, e afirmou que “o programa, o orçamento” e “os grandes projectos não podem ser decididos longe dos cidadãos”.

“Quando falo em orçamento ou programa participativo, não é necessariamente um referendo todos os dias”, esclareceu, apontando “métodos de auscultação, como fóruns”.

A presidente da Ordem dos Arquitectos propôs, por outro lado, que o urbanismo seja “decidido por todas as forças políticas”, e recordou que fez “essa experiência” enquanto presidente da Câmara de Cascais, pelo PSD.

“A melhor forma de impedir suspeições sobre urbanismo é fazer com que esse seja um pelouro partilhado por todas as forças políticas”, argumentou, defendendo também que antes de qualquer alteração urbanística sejam publicitados “os seus efeitos sobre o valor dos terrenos abrangidos” e os seus titulares.

Integram ainda a lista dos Cidadãos Por Lisboa (que tem dez mulheres e sete homens) Manuela Júdice, bibliotecária, Maria Cristina Albuquerque, economista e gestora pública, e António Eloi de Azevedo, consultor e docente universitário.

Seguem-se Maria da Graça Rodrigues, ex-conselheira cultural em Washington e Londres, Pedro Milharadas, arquitecto e funcionário da câmara de Lisboa, e Ana Sofia Antunes, vice-presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal.

Sobre a decisão do Tribunal Constitucional (TC) de anular a anterior data das eleições, 1 de Julho, Roseta afirmou que o TC não se pronunciou sobre o seu recurso "não por ter entrado fora de prazo", mas porque o do Movimento Partido da Terra (MPT) "foi apreciado primeiro porque entrou primeiro".

Fonte: Lusa (excerto)

Referendo ao governo




Jorge Sampaio, que participou ontem num almoço de apoio a António Costa, disse que estas eleições para a CML “não têm que ver” com o Governo.

Sampaio percebeu perfeitamente o risco de estas eleições se transformarem num referendo às políticas do governo.

Fez bem em lembrá-lo, num almoço de apoio ao candidato do governo.

Para além da política nacional (do desemprego ao desmantelamento do serviço nacional de saúde) será julgada, com premência e consequentes danos para a candidatura de Costa, a questão da Ota.

A opção pelo aeroporto da Ota é claramente rejeitada pela maioria dos portugueses. No caso dos lisboetas, essa maioria é esmagadora.

Firme como uma rocha



Depois de meses em que ponderou algemar-se à sua secretária, para resistir ao despejo anunciado, Carmona Rodrigues, principal responsável pelo estado de coma autárquico da CML, promete mais uma vez revelar se avança ou não.

Estamos todos ansiosos por revê-lo, bem como ao seu leal amigo, Fontão de Carvalho.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Polícias e guardas de Lisboa não votam em António Costa

(Fonte TSF, 16 de Maio - http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF180388)

O presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP), António Ramos, disse à TSF que António Costa «nunca deveria ter passado pelo MAI».

«Deixou uma polícia desmoralizada e retirou direitos com mais de cinquenta anos, na área da aposentação e da assistência na doença», salientou.

(...)

Também o presidente do Associação dos Profissionais da Guarda se mostrou muito crítico sobre a passagem de António Costa pelo Ministério da Administração Interna.

«Podia ter feito muito melhor. Deixou por regulamentar a lei do associativismo da GNR, que era uma das maiores aspirações dos profissionais da Guarda», salientou.

«Além disso tornou a GNR uma força mais militar no sentido inverso ao das forças de segurança europeias», criticou José Manageiro.

Lisboa pouco amiga das crianças

O Público revela, na sua edição de hoje, que, a nível nacional, Lisboa tem a segunda pior taxa de cobertura de jardins-de-infância públicos (logo a seguir ao Algarve).

Apenas 58% das inscrições recebem uma resposta afirmativa.

O custo médio de uma mensalidade num infantário privado ronda os 300 euros.

Não admira que este seja um dos factores que empurra muitas jovens famílias da classe média para a periferia.

O Estado falhou na sua incumbência de criar uma rede pública pré-escolar, conforme dispõe a lei-quadro da educação pré-escolar aprovada em 1997.

A Câmara não pode ficar indiferente a esta situação. Todas as crianças de Lisboa devem ter acesso a jardins-de-infância públicos. É um direito que não lhes pode ser negado.

Não se pode construir uma cidade dinâmica e alegre sem jovens famílias com filhos. Lisboa necessita de ser repovoada, contrariando a tendência para a desertificação dos últimos anos.

A população de Lisboa não pode restringir-se à classe média alta (que suporta os encargos das rendas e dos preços das casa dos bairros em que ainda se pode viver em Lisboa), aos idosos (que tantas vezes vivem em casas degradadas, abandonadas pelos senhorios) e aos imigrantes (que cada vez mais vão povoando alguns bairros históricos abandonados pelos lisboetas). Resistem alguns bairros populares, mas o centro de Lisboa – e sobretudo o centro histórico – é cada vez mais uma cidade fantasma.

Presidir à Câmara de Lisboa não é tarefa para quem tem apenas sensibilidade de engenheiro (como comprova a gestão de Carmona) ou vive obcecado por túneis e pela gestão imobiliária (um verdadeiro pântano de interesses obscuros, que só poderá ser drenado por alguém incorruptível).

Os comentadores da nossa praça já proclamaram que o problema fundamental destas eleições em Lisboa serão as contas públicas, como se a política se reduzisse a um mero exercício de contabilidade (mais valia então acabar com as eleições e contratar um gestor financeiro).

Boas contas são necessárias, mas em Lisboa faltam, cada vez mais, pessoas e crianças.

Este é um assunto que deve ser uma das grandes prioridades da próxima Presidente da Câmara de Lisboa, sem demagogia e promessas mirabolantes, como as que ouvimos a Santana.

Coisas práticas e que façam toda a diferença, como esta: uma rede de jardins-de-infância públicos para todas as crianças de Lisboa.

Portugueses contra o fumo

Parece que, nesta matéria do fumo, Miguel Sousa Tavares está cada vez mais orgulhosamente só.

Eu gostava que Lisboa desse o exemplo, respeitando a vontade de uma clara maioria dos portugueses quanto à proibição de fumar em espaços públicos fechados, sem que isso faça de mim um “fascista da saúde”.

Bruxelas, 22 Mai (Lusa) - Nove em cada 10 portugueses apoiam a proibição de fumar em espaços públicos fechados, com uma clara maioria a defender a que a interdição abranja restaurantes e mesmo bares, revela um estudo divulgado hoje pela Comissão Europeia.
O "Eurobarómetro" sobre a atitude dos europeus face ao tabaco, divulgado hoje por ocasião do segundo aniversário da campanha anti-tabagista "Help", promovida pelo executivo comunitário, revela que o apoio a espaços livres de fumo é generalizado na União Europeia, e em Portugal fica mesmo acima da média comunitária.
De acordo com o estudo, 92 por cento dos portugueses apoiam a proibição de fumar nos escritórios e outros locais de trabalho fechados, e 91 por cento defendem a interdição de fumo em todos os espaços públicos fechados, como metro, aeroportos e lojas (a média comunitária em ambos os casos é de 88 por cento de apoio).
Uma expressiva maioria dos portugueses (84 por cento) também apoia a proibição de fumar em restaurantes (contra 77 por cento da média comunitária), e mesmo no caso que divide mais a opinião pública europeia, a interdição de fumar em bares e "pubs", a medida é apoiada por três quartos dos portugueses (74 por cento), acima da média comunitária (62 por cento).
O estudo demonstra ainda que Portugal é o país da União com uma maior percentagem de pessoas que nunca fumou (64 por cento dos inquiridos, contra 47 da média da UE), mas também aquele onde menos fumadores deixaram o cigarro de lado (12 por cento, tal como Chipre, contra 21 por cento da média comunitária).
Todavia, os fumadores portugueses - um em cada quatro inquiridos (24 por cento, quando na União a média é 32 por cento) - são dos que fumam mais já que a esmagadora maioria (97 por cento) fá-lo todos os dias, e 38 por cento fumam mais de um maço de cigarros por dia (sendo a média comunitária de 26 por cento).
O "Eurobarómetro" foi realizado entre Outubro e Novembro de 2006 junto de 28.584 pessoas, tendo em Portugal sido inquiridas 1.006 pessoas pela TNS Euroteste.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Lisboa – melhor cidade portuguesa para se viver


Consulte a classificação do Expresso sobre 50 cidades portuguesas em 2007, analisadas segundo 50 critérios: http://semanal.expresso.clix.pt/imagens/ed1784/fotos/pdfs/IPDF-u0321.pdf.

Lisboa ocupa o primeiro lugar.

Qualidade de vida – as melhores cidades do Mundo em 2007

Consulte o ranking das melhores cidades do Mundo, elaborado pela Mercer Consulting: http://www.citymayors.com/features/quality_survey.html.

Lisboa surge no 47º lugar, numa lista liderada por Zurique e Genebra.

5546 Assinaturas para mudar Lisboa

Helena Roseta formalizou hoje – ou seja dentro do prazo inicialmente previsto – a sua candidatura independente a presidente da câmara de Lisboa, com a entrega de 5546 assinaturas e uma lista de candidatos que será divulgada amanhã.

A ex-militante do PS entregou bem mais do que as 4000 assinaturas exigidas por lei para concorrer às eleições intercalares, através do movimento "Cidadãos Por Lisboa".

A decisão ilegal sobre a data das eleições, tomada pela governadora civil de Lisboa – que apoiou publicamente António Costa “enquanto cidadã” – foi declarada nula pelo Tribunal Constitucional, mas mesmo com batota não teria sido possível travar o empenho cívico e a vontade de mudança dos lisboetas.

O Mayor dissidente



Londres, porventura a mais dinâmica das capitais europeias, tem como Mayor um dissidente do Partido Trabalhista, Ken Livingstone (http://www.london.gov.uk/mayor/mayorbiog.jsp).

Entre outras medidas apoiadas pela maioria dos londrinos, Ken Livingstone operou uma verdadeira revolução na política de transportes da cidade.

O dinamismo de Londres foi premiado com a atribuição da organização dos Jogos Olímpicos de 2012.

Ken Livingstone foi expulso do Labour em 2000, por ter ousado candidatar-se como independente à Câmara de Londres.

A vitória nas urnas, conjugada com o velho pragmatismo britânico, levou à sua readmissão no partido em 2004.

A direcção do Partido Trabalhista aprendeu a lição: em democracia quem manda são os eleitores.

Importa ter em conta, porém, as diferentes realidades políticas. No Reino Unido só podem ser ministros os deputados eleitos para o Parlamento, que por sua vez são eleitos em círculos uninominais.
Não é permitido o "outsourcing" de "independentes" para cargos de governo. Esses cargos só podem ser exercidos por independentes eleitos - como é o caso de Londres - não por nomeados.
E, apesar dos eventuais defeitos do sistema puro de círculos uninominais, é indiscutível que deste modelo sai reforçada a responsabilidade dos eleitos perante os eleitores.

domingo, 20 de maio de 2007

A responsabilidade dos socialistas

O PS é um grande partido que teve um papel fundamental na construção da democracia e no reencontro de Portugal com a Europa e o Mundo.

Os socialistas com memória não podem permitir que se continuem a promover Lellos e outros medíocres subservientes, enquanto são marginalizadas pessoas de qualidade, que pensam pela sua própria cabeça, e que estão interessadas em servir o país, em vez de servirem-se do partido e do Estado.

A descaracterização do PS atinge a qualidade da democracia. O unanimismo à volta do chefe conduz a situações como aquela que levou a ignorar a carta de Helena Roseta.

Quando o chefe cair, o que será do partido?

Compete aos socialistas contribuir para a recuperação da identidade do seu partido.

Também é esse o combate que se trava em Lisboa, em torno da candidatura de Helena Roseta.

Horácio

sábado, 19 de maio de 2007

Perdidos



Entretanto Marques Mendes continua perdido no seu próprio labirinto.


Negrão entrou mal, e também já não sabe como há de sair.

O candidato da situação

O Expresso continua a sua vocação de jornal do regime. Tentou neste Sábado incensar António Costa, o candidato da situação, no que tem sido acompanhado por alguns outros órgãos de comunicação, nomeadamente e fatalmente a RTP.

Verdade se diga que António Costa, para quem aspirava a federar a esquerda, ao apresentar como mandatário JM Júdice, e ao manifestar o seu desejo de poder contar com a colaboração de MJ Nogueira Pinto, deu a sua contribuição para a imagem que os órgãos do regime dele pretendem dar.

Curiosa também a especulação que, à margem dos problemas essenciais de Lisboa, o Expresso faz sobre uma pseudo-emancipação de Costa e o seu futuro político. Apetece perguntar: a que cargo se candidata afinal António Costa?

Costa seria certamente muito rigoroso na preservação do status quo. Como no Leopardo de Lampedusa: “mudar um pouco para que tudo fique na mesma”.

Horácio

Em cruzada sem Louçã


Sá Fernandes fez propostas confusas para Lisboa, que ninguém conseguiu decifrar, a começar pelo próprio Francisco Louçã, que talvez por isso mantenha uma cada vez maior distância em relação a esta nova cruzada.

A mini-van de Portas

No dia da sua entronização em congresso, Portas apresentou uma lista para as eleições de Lisboa com os seus melhores e mais fiéis, que por sinal cabem num táxi.

Com alguma sorte poderá ser necessária uma mini-van na noite das eleições, à custa do PSD.

O misterioso Pedro Silva Pereira


Há na vida política actual um mistério chamado Pedro Silva Pereira.


Há quem diga que é, depois de Sócrates, o homem mais poderoso do governo.

Ou até mais.

O que não se sabe é de onde vem esse poder.

Quem é Pedro Silva Pereira? Que lutas travou pela democracia e pelo progresso do país? Que obra deixou? De onde lhe vem a facilidade com que se pronuncia sobre o que deve ser e não ser, quem é bom e quem não é, quem serve ou quem não serve o PS, o país e a democracia?

De onde lhe vem a autoridade moral, política, ética, curricular, para se pronunciar sobre pessoas que, entre outras coisas, fundaram o regime que lhe garante a possibilidade de emitir opiniões?

Qual a sua formação política para produzir afirmações tão próximas do mais arcaico estalinismo, como as que constam da entrevista hoje publicada pelo DN?:

- “António Costa é mais útil ao País na Câmara de Lisboa” – trata-se de um elogio sincero ou de uma perfídia?

- “Helena Roseta deixou o PS. É um estilo de estar na política e na vida em geral . O estilo de agredir constante e publicamente os seus companheiros políticos e estar disponível no dia seguinte para se tornar adversária dos companheiros da véspera” – o que será política e éticamente mais louvável: o “estilo” de lutar pelas suas convicções livremente, por sua conta e risco, ou o “estilo” de preservar confortavelmente a posição de eminência parda do regime?

- (“Mas Manuel Alegre teve um milhão de votos”, pergunta do jornalista) “Sim, mas ainda no último congresso nacional do PS José Sócrates foi reeleito com mais de 97% dos votos” - Não será justamente esse o problema deste PS?
Fausto Ribeiro

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Não confiscaram a democracia

A decisão de adiar as eleições intercalares de Lisboa para 15 de Julho credibiliza o Tribunal Constitucional.

Contrariando as piores expectativas, o TC não alinhou na golpada.

Desta feita, a democracia não foi confiscada pelas cúpulas do PS e do PSD.

O mínimo que se pode exigir à governadora civil de Lisboa, depois de ter alinhado nesta grosseira ilegalidade, é que se demita imediatamente, por uma questão de decência e decoro democrático.

Apesar da batota, a candidatura de Helena Roseta reuniu as assinaturas necessárias, em tempo recorde. Estas assinaturas serão entregues na segunda-feira, num acto demonstrativo da possibilidade de romper com este jogo viciado, graças à indignação saudável de cidadãos livres.

Agora tudo é possível.

Quem tem medo da democracia?

Na sondagem publicada hoje pelo DN e a TSF (http://dn.sapo.pt/2007/05/18/cidades/antonio_costa_a_frente_maioria.html), a soma das intenções de voto dos dois candidatos independentes (Carmona e Roseta, sendo que o primeiro anunciou ontem que não avançaria) é bem superior à soma das intenções de voto nos candidatos do PS e do PSD.

Percebe-se claramente o medo que levou estes partidos a tentarem ganhar as eleições na secretaria.

Se Roseta reunir as assinaturas – objectivo que está cada vez mais próximo de ser alcançado – o medo dos partidos será substituído pelo pânico.

É que a maioria dos votos que estavam destinados a Carmona dificilmente irá para Negrão ou Costa.

A candidatura de Nobre Guedes, por sua vez, contribuirá para o afundamento definitivo do PSD nestas eleições.

Apresentando-se ontem num púlpito com a palavra “Rigor” inscrita, Costa pediu a maioria absoluta e culpou Roseta, o PC e o BE por não haver coligação à esquerda.

A obsessão com a maioria absoluta é uma velha doença, que talvez só possa ser curada com sessões intensas de psicanálise democrática (cujo objectivo seria substituir a arrogância, o aparelhismo e o tacticismo pela humildade, abertura de espírito, e a fidelidade a causas e convicções).

Lisboa dispensa um poder absoluto. Lisboa vive uma situação de emergência e exige o contributo responsável de todos.

Costa partiu mal para estas eleições. Demonstrou desde logo uma grave falta de rigor ético e de cultura democrática ao mancomunar-se com o PSD para tentar ditar o resultado destas eleições através de uma decisão ilegal e imoral da governadora civil.

Ao pedir a maioria absoluta, corre o risco de cair no ridículo.

A dinâmica de subida está do lado de Roseta, não de Costa.

E se Roseta ganhasse estas eleições?

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Contra a Golpada

A decisão da governadora civil de Lisboa de fixar para 1 de Julho a data das eleições para a Câmara é um dos actos mais graves praticados no Portugal democrático contra a genuinidade do voto popular.
Uma “golpada”, como afirmou ontem Miguel Sousa Tavares na TVI.
Uma “golpada” mais própria de um país do Terceiro Mundo do que de um Estado-membro da UE.
Espera-se que o Tribunal Constitucional responda rapidamente à impugnação apresentada por Helena Roseta. Caso contrário, as eleições intercalares de Lisboa não poderão ser consideradas livres nem justas, mas uma fraude destinada a perpetuar o bloco central de interesses há muito instalado na Câmara.
Os grandes partidos não são donos da cidade.
É preciso devolver a cidade aos lisboetas. E é preciso responder à decisão ilegal e imoral da governadora, viabilizando a candidatura de Helena Roseta.
Independentemente do candidato em quem se quer votar, é um dever cívico assinar a declaração de propositura de candidatura de Helena Roseta.

Fausto Ribeiro

Imprima a declaração de propositura – disponível em http://cidadaosporlisboa.blogspot.com -, preencha e entregue, até sexta-feira 18 de Maio, na Sede da Candidatura, Rua das Portas de Santo Antão, 84-90 (ao lado do Coliseu dos Recreios) das 9:30 às 18:30 ou Contacte: 917571623/916011485
declaração de propositura

PS com medo da democracia

Declarações de Manuel Alegre à Rádio Renascença (http://www.rr.pt/InformacaoDetalhe.aspx?AreaId=11&ContentId=207217):
“Eu sou de um PS que não tinha medo da democracia. Há neste processo uma certa imoralidade política: por um lado são admitidas as candidaturas independentes, por outro, marca-se as eleições para eliminar essas mesmas candidaturas. Dá a impressão que o PS tem medo de enfrentar Helena Roseta”.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Uma corrida contra o tempo, pela saúde da democracia

Como escrevia hoje José Manuel Fernandes, no editorial do Público, “A marcação das eleições para a Câmara de Lisboa para 1 de Julho visa dificultar a vida dos possíveis candidatos independentes. Veremos se o feitiço não se volta contra o feiticeiro”.

Recolher, até 18 de Maio (Sexta-Feira), 4,000 assinaturas de eleitores recenseados em Lisboa é uma missão muito difícil, mas não impossível.

Se a candidatura de Helena Roseta conseguir reunir as 4,000 assinaturas, provavelmente conseguirá um resultado histórico para a democracia portuguesa.

Estes partidos sabem disso. São quem tem mais a perder com uma candidatura que vai buscar votos do PSD ao Bloco de Esquerda.

Estamos habituados a dirigentes partidários que tomam decisões – nomeadamente sobre se se submetem ou não a votos – com base em sondagens.

E as sondagens de que se fala indicam que Helena Roseta teria a preferência de pelo menos um quinto dos eleitores de Lisboa. Trata-se de uma ameaça muito séria. Daí que não haja pruridos em tentar matá esta candidatura à nascença, mediante um expediente de secretaria, sob a capa de uma aparente legalidade democrática.

Nestas eleições já não é apenas o futuro de Lisboa que está em causa. Vivemos numa democracia sequestrada.

Helena Roseta merece ir a votos, em nome da saúde da democracia deste país.

PSD, PS e Bloco de Esquerda já provaram, na partida para estas eleições, que lhes falta cultura democrática, e que não têm pejo em recorrer a manobras desleais (e talvez mesmo ilegais) para viciar o jogo.

As eleições podem decidir-se desde já, na recolha das assinaturas.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Pressa suspeita

Depois de meses a tentar evitar eleições em Lisboa, num verdadeiro jogo do empurra, a maioria dos partidos – e fundamentalmente o PSD e o PS – voltam finalmente a estar de acordo sobre o essencial no plano da táctica eleitoral: agora, quanto mais depressa formos a votos, melhor.

Melhor para quem?

Para os partidos, pois claro. E sobretudo para o PSD e o PS, que são sem dúvida os principais responsáveis pela crise instalada em Lisboa.

Pressa para irem de férias, ou será que temem o resultado de uma candidatura independente com tempo para se organizar?

Será esta uma manobra de secretaria para tentar evitar a recolha, dentro do prazo estabelecido pela lei, das 4,000 assinaturas necessárias para a candidatura de Helena Roseta?

Porque estará o Bloco de Esquerda tão alinhado com o PSD e o PS nesta matéria?

Esta súbita pressa de ir a votos tem pouco de democrático.

O próprio facto de a decisão sobre a marcação das eleições ser tomada pela governadora civil – cargo que é uma excrescência da democracia portuguesa – diz bastante sobre o “regular” funcionamento da democracia em Portugal. Uma democracia dos partidos e só para os partidos.

Por amor a Lisboa

Lisboa e os lisboetas merecem mais. A nossa capital não pode continuar refém dos aparelhos partidários. Estamos cansados do jogo constante de passa-culpas, do tacticismo, do calculismo político rasteiro.

Alguém ouviu ou vislumbrou, nos últimos anos, por parte dos eleitos para o executivo camarário, uma ideia ou uma visão para Lisboa?

Nem a actual maioria nem a oposição estão isentas de responsabilidades.

Vamos para eleições porque a situação chegou a um verdadeiro estado de podridão.

Tem que haver uma alternativa à gestão irresponsável (a contas com a justiça) e à política de oposição do “quanto-pior-melhor”.

A crise camarária lisboeta é o paradigma de um modo de fazer política que deve ser castigado nas urnas, dando lugar à mudança, à competência e ao espírito de serviço público.

O que falta na Câmara de Lisboa é desde logo amor a Lisboa.

Lisboa precisa de uma candidatura limpa.

Lisboa não pode ser gerida como uma gigantesca empreitada, que submerge em betão e em túneis a sua memória, a sua beleza.

Lisboa merece o nosso empenho cívico.

Não é populismo ousar fazer política à margem dos partidos. Populismo é cruzar os braços e assistir impávido à degradação da vida pública, por demérito de partidos que se transformaram em meros sindicatos de poder, fechados em si, castigando a liberdade cívica e premiando apenas o seguidismo aparelhístico. Partidos que dispensam o mérito e a competência de pessoas livres são uma ameaça à democracia representativa.

As regras destas eleições são determinadas pelos partidos (assinaturas, subvenções, tempo de campanha, data, etc), mas quem decide o seu resultado são os eleitores.

Os donos da democracia são os cidadãos. As próximas eleições serão uma oportunidade para provar que a mudança está nas nossas mãos.

Vota Helena Roseta!