sábado, 26 de maio de 2007

Disco riscado

António Costa apareceu hoje em Almada (onde começa o deserto da margem sul) a repetir a lenga-lenga do costume:

“Lisboa precisa de uma maioria clara, os lisboetas têm de optar pela maioria ou pelos jogos partidários”.

Nem uma palavra sobre soluções para os problemas de Lisboa.

Jogos partidários”? Então não é essa a área profissional em António Costa se especializou ao longo da sua vida? Será que renega o seu passado? Ou será que daqui para a frente já só aceita governar com maioria absoluta?

Talvez se tenha acostumado a dar ordens aos polícias (e a estes, como se sabe, não resta senão obedecer).

Que mania esta da maioria absoluta!

Maioria absoluta acaba sempre por rimar com poder absoluto, e poder absoluto rima com muita coisa escura.

Ora Lisboa carece de transparência.

Rigor sim, mas com transparência e limpidez, como essa luz tão clara e única que banha esta cidade.

E solidariedade, espírito de equipa, ao serviço do interesse público e do bem comum de Lisboa - ou seja muito mais do que mera táctica partidária e projectos de poder pessoal.

Lisboa vive uma situação de emergência, e precisa de todos (excepção feita talvez a Carmona Rodrigues, cujo único contributo seria – se fosse capaz – o de explicar aos novos vereadores como é possível levar a CML ao abismo num tão curto espaço de tempo, ainda para mais quando dispunha de uma maioria estável).

Costa tem de mudar o discurso. Está muito longe de ter ganho as eleições. Pode inclusivamente vir a perdê-las (Carrilho conseguiu esse feito, quando tanto ele como o PS estavam em muito melhores condições). Um pouco mais de humildade e algumas ideias sobre Lisboa – que se distanciassem das opções do governo – poderiam ajudar, mas isso, hélas!, não vai acontecer.

Lembram-se quando Almeida Santos pedia insistentemente, em nome do PS, os 43% da maioria absoluta?