Helena Roseta apresentou ontem, no hotel Altis, a sua lista independente às eleições intercalares para a Câmara de Lisboa de 15 de Julho, que tem como número dois Manuel João Ramos, dirigente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados.
Além de defender “a democracia participativa como modelo sistemático”, a ex-militante do PS prometeu um “Programa de Emergência” para a capital, que implique restaurar o “direito ao passeio” e “esverdear” a cidade, e propôs que o pelouro do urbanismo seja partilhado por todas as forças políticas.
“Sobre a localização de um aeroporto ou de uma grande infra-estrutura pública a cidade deve ser formalmente ouvida. Quando digo a cidade não é só o presidente da câmara, é a cidade”, declarou.
“É preciso que sejam divulgados todos os estudos que o Governo diz possuir, colocá-los à discussão, encontrar uma forma de participação e de audição dos lisboetas e transmitir essa opinião ao governo central”, acrescentou, sem adiantar qual poderá ser essa forma.
Questionada acerca da sua posição sobre o aeroporto da Ota, a candidata do movimento Cidadãos por Lisboa respondeu: “Não estou aqui a defender posições pessoais, estou a defender um método e uma posição institucional. Eu tenho uma posição sobre a Ota, mas não vou dizer qual é.”
No seu discurso, que teve tradução simultânea para linguagem gestual, Roseta comprometeu-se a não aprovar “nenhum grande projecto” municipal “sem dar voz aos lisboetas”, e afirmou que “o programa, o orçamento” e “os grandes projectos não podem ser decididos longe dos cidadãos”.
“Quando falo em orçamento ou programa participativo, não é necessariamente um referendo todos os dias”, esclareceu, apontando “métodos de auscultação, como fóruns”.
A presidente da Ordem dos Arquitectos propôs, por outro lado, que o urbanismo seja “decidido por todas as forças políticas”, e recordou que fez “essa experiência” enquanto presidente da Câmara de Cascais, pelo PSD.
“A melhor forma de impedir suspeições sobre urbanismo é fazer com que esse seja um pelouro partilhado por todas as forças políticas”, argumentou, defendendo também que antes de qualquer alteração urbanística sejam publicitados “os seus efeitos sobre o valor dos terrenos abrangidos” e os seus titulares.
Integram ainda a lista dos Cidadãos Por Lisboa (que tem dez mulheres e sete homens) Manuela Júdice, bibliotecária, Maria Cristina Albuquerque, economista e gestora pública, e António Eloi de Azevedo, consultor e docente universitário.
Seguem-se Maria da Graça Rodrigues, ex-conselheira cultural em Washington e Londres, Pedro Milharadas, arquitecto e funcionário da câmara de Lisboa, e Ana Sofia Antunes, vice-presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal.
Sobre a decisão do Tribunal Constitucional (TC) de anular a anterior data das eleições, 1 de Julho, Roseta afirmou que o TC não se pronunciou sobre o seu recurso "não por ter entrado fora de prazo", mas porque o do Movimento Partido da Terra (MPT) "foi apreciado primeiro porque entrou primeiro".
Fonte: Lusa (excerto)